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O Estado Pressupõe Boas Práticas e Rigor




O mundo da administração dos negócios é extremamente complexo, porque as variáveis, os interesses pessoais e organizacionais pressionam de tal maneira que as resistências nem sempre são suficientes para conduzir, equilibrada e justamente, a empresa aos melhores resultados.

Em Portugal, atravessaram-se tempos muito difíceis (2010-2015) que ninguém conseguiu prever com alguma segurança, isto é: como iria acabar a crise e recomeçar-se um novo ciclo de prosperidade. Muitas eram as opiniões, atribuíram-se causas diversas, desenharam-se cenários futuros, todavia, torna-se impossível, em bom rigor, adiantar-se a fórmula mágica (se é que ela existe) para a saída da crise, sabendo-se, todavia que não poderia ser com austeridade excessiva, cortes nos salários e pensões, aumento de impostos e redução no consumo. Com esta receita, não alcançaríamos a “saúde”

As administrações das instituições públicas, semipúblicas, privadas e cooperativas, afirmam que a crise foi muito acentuada, contudo, algumas há que continuam a vangloriar-se de elevadíssimos lucros, a um ritmo trimestral e/ou semestral. Será, possivelmente, aplicada, uma boa gestão, com recursos humanos altamente competentes e motivados?

Utilizar-se-ão fundos públicos e particulares, angariados a baixo custo e disponibilizados com elevados lucros? Será tudo junto e os altíssimos salários e outras regalias que incentivam toda a máquina humana de uma tal instituição? E com as outras, as que abrem falência, o que se passa? Será só pela concorrência estrangeira? Pela falta de apoio estatal, pela má administração e desmotivação dos trabalhadores.

Em qualquer país do mundo, no essencial, parece haver duas grandes máquinas: públicas e privadas. Quanto às primeiras e as que vêm surgindo na comunicação social e raramente desmentido, as despesas não serão controladas com rigor, desde logo a partir dos salários altíssimos que certos cargos implicam e à não resposta profissional competente, por quem os exerce, o que em milhares de tais titulares, significa um aumento brutal nas despesas.

Não se trata deste ou daquele político receber, ou deixar de receber, um subsídio qualquer, até porque isso não passaria de um valor legal. Importa referir que só a máquina do estado envolverá dezenas de milhares de cargos de topo, subsídios para todos aqueles cargos, chefes de gabinete, assessores, secretárias (os), administrativos e toda uma panóplia de equipamentos, viaturas de topo de gama, com os respetivos consumos e manutenção. Falta acrescentar os guarda-costas e outros profissionais, mais deslocações e respetivas ajudas de custo, etc.

Claro que não é função do estado dar lucro, através dos vários organismos, mas é sua obrigação dar o exemplo de boas-práticas, de rigor, de cortar despesas, o que pode (e deve) fazer e, seguramente, trabalhar mais e melhor. Parece ética e moralmente censurável que enquanto o povo está desempregado e passa fome, os seus representantes excedem os limites do razoável. O estado que pode (e deve) gerir o país como uma qualquer empresa de sucesso, porém dividindo os lucros sob a forma de benefícios para a população.

Alguns políticos, tal como gerentes de nível máximo, têm essa obrigação, por analogia:

«Contudo, a decisão de mudar a filosofia da organização somente pode ser tomada em alto nível. Sem uma decisão nesse nível e sem um compromisso e um plano nenhuma mudança é possível. Os gerentes que se encontram abaixo do alto nível são obrigados a compreender, apoiar e, eventualmente, implementar a política existente ou a mudança proposta.» (REDDIN, 1977: 308)

Provavelmente, uma filosofia que influenciasse nas despesas do Estado poderia contribuir para o abaixamento do desemprego, seria a redução da maior parte de cargos de alto nível e a entrada de pessoal técnico-superior, técnico-profissional e médio-auxiliar que, como se sabe, é o que trabalha e produz.

Não seriam necessários grandes conselhos de administração, a auferirem verdadeiras fortunas e que, praticamente, pouco produzem, participam em reuniões e beneficiam de privilégios que a maioria dos trabalhadores jamais terá. Além disso, muitos titulares de tais cargos pouca ou nenhuma experiência têm, falta-lhes maturidade, bom senso e sentido de responsabilidade.

No que a algumas empresas privadas respeita, obviamente que a maior parte delas trabalha com capitais próprios, ou com linhas de crédito em condições um pouco mais favoráveis. Aqui parece que as administrações serão mais cuidadosas quanto aos gastos em despesas com o pessoal de alto nível, muito embora se saiba que existem salários e reformas de “luxo”. Também reduzem despesas, na forma como despedem os trabalhadores, não lhes pagando salários em atraso e outros direitos legalmente devidos.

Por outro lado, igualmente, será necessário que algumas empresas facultem aos seus trabalhadores ações de formação, de resto, tal como está previsto no Código de Trabalho, contratação coletiva e outros instrumentos laborais, isto é, por exemplo, no caso português, uma média de 35 horas de formação anuais.

É sabido que quanto mais formação e escolaridade um trabalhador tiver, maiores serão as possibilidades de se inserir no mercado de trabalho, quando é despedido. As empresas não têm grandes custos com a formação dos seus trabalhadores porque o Estado paga muitas ações de formação através de entidades formadoras.

A tudo o que está dito sobre as empresas privadas, ainda acresce a circunstância de que, entre elas, a concorrência é, quantas vezes, desleal eventualmente as nacionais por algumas estrangeiras, o que dificulta a sobrevivência das primeiras; que os diversos impostos que sobre elas recaem quase as sufocam, principalmente em determinados setores, ao contrário do que acontece noutras. Apesar disso, sabe-se que o setor privado sustenta milhões de postos de trabalho, embora também tenha enviado para o desemprego milhares de trabalhadores, num curto espaço de tempo.

Enquanto o Estado, praticamente, não tem que competir com quaisquer outros concorrentes, as empresas, no seu dia-a-dia, são confrontadas com esta situação e, como já referido, em algumas situações, não têm condições para vencer os restantes competidores. Resta às empresas aguentarem todas as pressões, logo:

«Durante a competição, os grupos se tornam internamente mais coesos; durante certo tempo, as diferenças internas são esquecidas, na medida em que aparece maior lealdade ao grupo. Na medida em que a realização do grupo se torna uma coisa fundamental, atmosfera do grupo se torna mais orientada para a tarefa.» (HERSEY & BLANCHARD (1974:208).

Bibliografia

HERSEY, Paul & BLANCHARD, (1974). Psicologia para Administradores de Empresas. Utilização de Recursos Humanos. Tradução, de Dante Moreira Leite. São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – Brasil.
REDDIN, William J., (1977). Eficácia Gerencial. Tradução, Francisco Pisa, São Paulo: Atlas

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
site@nalap.org
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