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Autarquias Locais no Projeto Educativo




O projeto educativo de formação para a cidadania, enquanto política pública de inserção social, naturalmente que passa por outros intervenientes, para além da escola e da família, sendo certo que estes dois agentes institucionais, como que constituem os pilares essenciais.

De nada serve o que se aprende na escola se quando se chega a casa faz-se o contrário, como de igual forma a situação inversa é verdadeira, caso os procedimentos sejam corretos.

Então surge aqui uma terceira instituição que conjuntamente com mais duas componentes criam as condições mínimas para algum sucesso: invocamos as autarquias locais. Com efeito, o quadro fica composto, na medida em que:

«A ligação com as autarquias locais é uma forma eficaz de obter recursos suplementares; o trabalho com um promotor externo ajuda os professores no planeamento, formação e avaliação; o envolvimento familiar na escola é uma forma eficaz de obter maior apoio comunitário para os esforços da escola. (MARQUES, 2001:61)

A educação para a cidadania, na perspectiva das políticas públicas de inserção social, obviamente que não se circunscreve aos domínios dos grandes e, quantas vezes, onerosos projetos de gabinete, teoricamente muito bem elaborados, cujos resultados ficam por se avaliar e desconhecer, porque o acompanhamento, a fiscalização e a penalização para quem não cumprir as regras, igualmente, se perdem no emaranhado da burocracia.

Quer para os beneficiários, quer para os responsáveis por tais projetos, quer, ainda, pelos patrocinadores dos mesmos, é necessário ter-se a confirmação de que existe preparação, formação e educação cívicas.

A intervenção da escola, da família, das autarquias e da comunidade são, por isso mesmo, essenciais.

Perspectivar a cidadania para uma sociedade cumpridora de valores como: o trabalho, a economia, o estudo, o respeito, a solidariedade, é uma tarefa do presente, que os jovens, bem como muitos adultos, de hoje, deveriam aproveitar, com determinação e responsabilidade, desde logo, a partir das imensas oportunidades que se lhes colocam, quer através dos Centros de Novas Oportunidades, quer pela inserção em cursos de educação e formação de adultos.

O Projeto educativo-formativo que desde há alguns anos está disponível em Portugal, possibilita a todos os cidadãos, que não tenham obtido a escolaridade obrigatória e que reúnam determinadas condições, não só obter as habilitações legais exigíveis para concorrer a um emprego, como também concluir uma preparação profissional, numa determinada área, isto é, cursos de educação e formação de adultos que concedem a dupla certificação. Nestes cursos o domínio do conhecimento “Cidadania” já tem uma carga horária bastante significativa, embora ainda não suficiente, o que leva a concluir da importância que lhe é dado.

Cidadania e projeto educativo podem considerar-se como um novo conceito, segundo o qual é no presente que se prepara o futuro, recorrendo-se à experiencia e sabedoria dos mais velhos, em articulação com o voluntarismo e dinamismo dos mais novos, sabendo-se que, em princípio, serão estes que vão beneficiar, em maior escala, deste projeto.

A articulação entre as várias gerações, certamente que é suscetível de provocar conflitos, tanto mais graves quanto menor for a preparação e compreensão dos diversos papéis, por um lado; e também a situação mundial de crises económicas, financeiras e sociais que, por sua vez, conduzem a outras situações como o desemprego, a criminalidade, a exclusão, nas suas diversas vertentes.

A importância do “saber-conviver-com-os-outros”, a partir do “Saber-ser” e do “Saber-estar” é fundamental, aliás:

«Não é de hoje que as diferenças entre gerações produzem conflitos. Freud já tinha afirmado que, para atingir a maturidade, é preciso matar simbolicamente o pai. Nesse sentido um dos grandes problemas colocados por nosso tempo continua sendo o de harmonizarmos a coexistência de várias gerações. Afinal não temos apenas de conviver com os valores dos pais, mas também dos avós e, em muitos casos, até de bisavós ativos que continuam a colaborar na organização da vida social.» (RAMOS, 2008:43).

A sociedade do lucro que nas últimas décadas se tem vindo a implementar, para determinados círculos, muito restritos, em oposição à sociedade da miséria, que a maioria enfrenta, é um pouco o fruto da falta de projetos educativo-formativos, que não se têm desenvolvido.

O investimento nestes projetos educativo-formativos e de verdadeira cidadania, não teriam interessado a determinadas elites, que hoje clamam pela ajuda do Estado/Governo, que recorrendo ao património construído por todos, tem de ajudar aqueles que, ao longo de décadas, não investiram o suficiente na educação, na formação e na cidadania dos seus empregados e funcionários, nestes se incluindo o próprio Estado como entidade patronal.

Pelo menos que a crise (2008-2015) possa servir para que as diversas gerações reflitam e deem as mãos no sentido de vencerem mais estas dificuldades, e que no futuro os que tanto procuram ter, às vezes sem olharem a meios, repartam por aqueles, e que são a maioria que nada ou pouco mais que nada têm.

Menosprezar as gerações mais velhas é como matar os próprios pais, como dizia Freud, mas acredita-se que não será necessário recorrer a tal simbolismo, para que as atuais gerações possam triunfar ao lado dos pais, dos avós e até dos bisavós para aqueles que ainda têm a felicidade de os ter. Um projeto educativo, assente nos valores da Cidadania, afigura-se ser o princípio de um caminho que possa conduzir a humanidade ao sucesso das próximas gerações.

BIBLIOGRAFIA

MARQUES, Ramiro, (2001). Professores, Famílias e Projecto Educativo. 3ª Edição. Porto: Edições ASA.
RAMOS, Silvana de Sousa, (2008). As Ambiguidades do Tempo in: Filosofia, Ciência & Vida, S. Paulo/Brasil: Escala, Ano II, Nº 25


“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
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